terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Notícia

Estava eu a comparar o que realmente interessa quanto à informação, quando lendo dois dos mais tradicionais jornais eletrônicos, um americano e outro brasileiro.
Não quero aqui argumentar a favor desse ou daquele modo de fazer notícia, ou defender ou não o jornalismo americano ou o brasileiro: aqui é apenas uma generalização do que penso que acontece por aí quanto ao “dar a notícia”. Não sou jornalista, mas sim sou leitor, e por isso acho que tenho o direito de opinar quanto às impressões que me ficam do que é a notícia.
 Incomoda um pouco o que me parece uma apelação, por parte do jornalismo brasileiro, quanto à importância que se dá a fatos que, verdadeiramente, não são relevantes.
Portanto, será que todo mundo realmente quer saber, o tempo todo, se a atriz Y está com celulite, qual era a cor do vestido de não sei quem, ou se o cantor X está de férias não sei onde? Será mesmo que o mundo só é feito de fofocas ou de acontecimentos trágicos? Não que um pouco de entretenimento não seja válido, afinal todos merecemos e devemos ter algum momento de lazer e prazer, inclusive no que lemos.
Penso que os meios de comunicação, principalmente os escritos, estão sempre influenciando, e muito, a opinião das pessoas. E muitos, infelizmente, nem têm maturidade para filtrar o que realmente interessa ou não. Dependendo de como a notícia é trazida até nós, por exemplo, do tamanho, da forma e da cor da letra, ou principalmente a maneira como o discurso do texto é conduzido, essa notícia pode adquirir um grau de importância muito maior do que realmente tem, ou pode induzir a interpretações diversas quanto ao conteúdo que essa informação carrega.
Logo, fico pensando se esse exagero em se valorar a notícia fútil acontece porque as pessoas sentem falta desse tipo de cultura inútil ou se isso é forçado goela abaixo para o leitor. E mais, acho que o problema maior de tudo isso é que o mundo acaba ficando resumido somente a essas insignificâncias. Tem-se a impressão que tudo é somente isso e mais nada. Enquanto isso, outros assuntos que são de grande relevância e merecem ser amplamente discutidos estão, por vezes, em uma linha minúscula, em um cantinho igualmente pequeno.  
Não estou dizendo que o jornalismo americano não produza notícia de conteúdo sensacionalista e fuxicos da vida alheia, transformando o que não interessa de verdade em notícia, mas aqui no Brasil me parece um tanto exagerado o fato de se dar importância e ressaltar demais o que não é essencial de fato, a prejuízo de não se discutir ou informar assuntos que realmente vão influenciar na vida das pessoas na sociedade.
Acredito, portanto, que resta a nós leitores desenvolver e aguçar nosso senso crítico e peneirar o que nos interessa tomar conhecimento ou não, saber sentir o quanto a notícia está manipulando a opinião de quem a lê, ser capaz de julgar a realidade que nos é apresentada: se é distorcida ou não, se está omitindo verdades, se está nos enganando ou se condiz com os fatos que se apresentam lá fora.


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